domingo, 31 de julho de 2011

Schumann - 4 - Fim

Em 1845 o estado de saude de Schumann não era bom. Tinha alucinações auditivas, zumbido nos ouvidos, caminhando para um quadro sério e terminal. Segundo o médico "não era uma especificamente mental, mas uma gradual, inexorável deteriozação da estrutura e das funções de todo o sistema nervoso.
1849, no entanto, foi um ano mais tranquilo para Schumann. Continuou a compor. Clara também continuou com a música que era a sua paixão. Têm uma vida confortável. Schumann compôs muito. Aberturas, canções, músicas de câmara, peças para piano, mas mostra-se cada vez menos comunicativo, mas com o passar do tempo sua saude deteriora. "Triste esgotamento das minhas forças... época de penosos sofrimentos", confessa.
Tinha insônias, convulsões, dificuldade em falar.
Em 1853 o casal se encontra com Brahms, um jovem músico de vinte anos e que se tornaria também imortal.
Schumann, Clara e Brahms tornaram-se inseparáveis. Clara nos quarenta anos seguintes teria não só a amizade, mas o amor do jovem artista. À medida em que Schumann abria caminhos para o novo músico, os dele se fechavam...
Em 1854 Schumann encontra-se muito mal. Clara registra em seu diário o sofrimento dele, seu delírio e histeria: momenmtos de loucura sucediam a outros de lucidez. Após uma crise Schumann saiu furtivamente e jogou-se no Reno. Foi salvo por dois pescadores que o conheciam.
Foi levado ao Sanatório para doentes mentais. Segundo o médico que o atendeu ele deveria ficar distante da família como tratamento. Ficaria afastado de tudo que lembrava o passado, pois o médico afirmava que era o passado a causa da sua doença. Clara só o visita dois anos e meio depois.
Schumann morre em julho de 1856, aos 46 anos, sozinho.
Um tempo depois Clara encontra nos papeis do músico, um bilhete da época em que ele tentara o suicídio no rio Reno, que dizia: "Querida Clara: vou jogar minha aliança no Reno. Por favor, faça o mesmo - assim as duas ficarão juntas para sempre."
Schumann compôs 268 obras, sendo 6 sinfonias, 6 concertos; música para piano 90, outros instrumentos 40, 2 óperas, 38 corais e 86 lieder.

Fim














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Schumann - 3




O pai de Clara, para impedir o casamento de sua filha com o músico, astutamente impõe condições que os deixam com grande desgaste emocional ao longo do tempo e chega ao limite em 1839.
Schumann já havia assinado uma petição ao Tribunal, pedindo autorização legal para se casar. Clara, indignada, também assina a petição.
Tentando adiar a derrota Wieck não comparece à primeira audiência. Uma segunda audiência foi marcada. Novamente ele não comparece e ainda publica uma Declaração acusando Schumann de depravação moral, alccolismo e de querer casar com sua filha, interessado em seu dinheiro.
Em dezembro de 1839 chega a terceira audiência, constrangedora para Schumann pelo fato de Wieck expor sua vida particular e colérica para o pai de Clara, que tenta a todo custo impedir o casamento.
Finalmente, em 11 de agosto de 1840, Schumann conseguem autorização para se casar. Casam-se em 12 de setembro de 1840. Tanto tempo se passou na luta pela autorização legal até que fosse concretizado o casamento que no dia seguinte, 13 de setembro, Clara completou 21 anosde idade e não precisaria de autorização do pai para se casar.
Um ano depois nasce a primeira filha do casal - tiveram sete filhos, durante os dezesseis anos de casamento, sendo que um filho morreu antes de completar um ano de vida.
Schumann trabalhou muito e no final de 1842 estava à beira de um colapso nervoso. Neste período Clara engravida do segundo filho e surge a preocupação com a situação financeira.




Foto: Clara, esposa de Schumann.

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Schumann - 2

Schumann teve aulas de piano com Friedrich Wieck. Apaixona-se pela filha deste, Clara - também pianista e bem mais nova que Schumann.
Mas... para surpresa de todos fica noivo e escreve para a mãe: "uma jovem maravilhosa e pura, terna e meditativa, apaixonadamente dedicada a mim e à arte (...). Não era de Clara que ele falava e sim de Ernestine Von Fricken, de 18 anos. Schumann se inspirou nela quando compôs "Carnaval, opus 9". Foi, no entanto, um romance fugaz.
Quando Clara retorna de Paris, a paixão de Schumann renasce, entretanto o pai de Clara se opunha ferozmente ao relacionamento. Impede-a de se casar com ele, rompe com o pretenso noivo e obriga Clara a devolver todas as cartas do músico, bem como a Sonata que ele havia lhe dedicado.
Neste mesmo período, 1836, morre a mãe do compositor e ele se sente cada vez mais solitário - a separação entre os amantes durou um ano e meio; só voltaram a se encontrar em agosto de 1837.
Daí em diante, uma longa batalha esperava por Schumann para conseguir se casar com Clara.

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Música - Schumann - 1



Schumann (1810-1856)
"Minha vida foi uma luta de vinte anos entre a poesia e a prosa, entre a música e o Direito (...) Estou numa encruzilhada agora e a pergunta 'que devo fazer' me angustia. Se eu pudesse seguir meu pobre gênio, ele me guiará em direção à arte, ao bom caminho, como creio. Mas não me censure, e eu o digo baixinho e com ternura, sempre me pareceu que você me barrava o caminho..."
Com esta carta à mãe, Schumann anuncia seu encontro com a vocação. Desde o início de sua vida, o músico ficou em dúvida que carreira seguir, pois demonstrava inclinação para a literatura, sua mãe almejava para ele uma sólida profissão de advogado e havia também a paixão pela música.
É... a vida de schumann sempre foi pautada pelas dificuldades e tragédias. Ele nasce pouco antes da conturbada crise do continente europeu provocada pela guerra e invasão das tropas de Napoleão, em 1812. A pequena cidade onde o compositor nasceu - Zwickau, na Alemanha, sofreu com as tropas francesas voltando do implacável inverno russo, passando pela pacata cidade e deixando ali um rastro de doenças, epidemias e centenas de mortes em poucas semanas. A cidadezinha entrou para a história triste da guerra, sem imaginar que um herói a imortalizaria - Schumann.
Ainda novo, o músico perde uma irmã que se suicida, por não suportar uma doença de pele que a afligia muito psicologicamente. Meses depois, seu pai morre de um ataque do coração.
Aos 16 anos Schumann começa a sofrer as primeiras crises de depressão que passariam a acompanhá-lo pelo resto de sua vida.
Estas tragédias são apenas o começo...

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Beethoven - 4 - Fim

A Amada Imortal


Diz-se que Beethoven foi amante de Therèse Brunswick (1770-1827), de família aristocrática de Viena. Foi professor de música de Therèse e de sua irmã Josephine, casada.
Uma terceira pessoa incorporou às irmãs: a prima Giulietta Guicciardi, que Beethoven cortejou.
A família das alunas, preocupada com um possível ramance entre Therèse e Beethoven tratou logo de interferir e colocar um fim naquela amizade, porém as duas irmãs mantiveram correspondêcia com o professor durante anos.
Nesse período, o músico escreveu a famosa carta para aquela que seria sua amada imortal - era uma apaixonada carta de amor, que os biógrafos entenderam ter sido escrita para Therèse, mas que muitos anos depois, quando Beethoven já estava morto, Therèse anotava uma misteriosa reflexão em seu diário: "Por que minha irmã não se casou com ele, quando estava viuva? (...), teria sido mais feliz com ele do que com Stackelberg - seu segundo marido. Por amor a seus filhos renunciou à sua felicidade (...), haviam nascido um para o outro".
Acredita-se que a filha de Josephine, Minona, era, na realidade, a filha ilegítima do músico e que ela, Josephine, sua amada imortal.

Obra: É extensa a obra de Beethoven, num total de 398, sendo 9 sinfonias; 31 orquestrais; 92 de câmara; 101 instrumentais; 1 ópera; 77 coral; e 87 canções.

Há um filme de 1994, chamado "Minha Amada Imortal", do diretor Bernard Rose, em que Beethoven deixa um testamento para sua amada. E outro: "O Filme Surdo de Beethoven", de Ana Torfs (1998), que retrata os últimos dias de vida do compositor, quando ele se comunicava com os parentes através da escrita.

Fim

Beethoven - 3

O Testamento de Heiligenstadt
Beethoven escreveu centenas de cartas, e inúmeras anotações. Um dos documentos mais impressionantes é uma carta que escreveu a seus irmãos e que nunca chegou a enviar. Guardou-a cuidadosamente. Conhece-se pelo nome de Testamento de Heiligenstadt, por ser a localidade onde Beethoven se encontrava, quando escreveu, em 1802.
Neste período o compositor atravessava uma profunda crise, pois tinha certeza que iria perder a audição e também por ter sido rejeitado por Giulietta Guicciardi, que ele havia proposto casamento.
No testamento, Beethoven escrevia o terrivel sofrimento que o aguardava e dizia:" tudo isso levou-me ao auge do desespero e pouco faltou para tirar-me a vida (...), somente o amor à arte o evitou (...), me parecia impossível abandonar o mundo antes de realizar tudo o que me está predestinado e, por isso, continuo vivendo esta vida horrível." A carta termina com a dolorosa esclamação: "vem, morte, quando queiras, porque eu estou preparado para receber-te."
De fato, atormentado pela surdez e solidão, deixa aflorar a profunda amargura em que terminou seus dias.

Cont.

Beethoven - 2

Beethoven foi um músico magnífico. Ele mesmo se considerava um gênio. Conquistou admiração e respeito. Era uma pessoa culta e refinada, a qual todos disputavam a companhia, mesmo tendo que tolerar seu gênio difícil.
O piano foi seu instrumento preferido, principalmente durante o primeiro período. Compôs trinta e duas sonatas para piano. Destas, desesseis foram escritas antes de 1802. A sonata que marca a transição para o segundo período é "Claro de Lua", que é uma música lindíssima também. Este nome foi dado por seu editor muitos anos após a morte de Beethoven. Não se sabe se foi composta para Therèse Brunswich ou para Giulietta Guicciardi (falarei de ambas em outra postagem) Enfim, esta é sua obra mais sentimental e seu único canto de amor.
Mozart, ao ouvir Beethoven, então com 17 anos disse: "Fique de olho; um dia o mundo vai falar dele".
A luta de Beethoven para compor era árdua. Levava vários anos para concluir uma obra, mas a aceitação e o sucesso eram garantidos. "A música invariavelmente intensa de Beethoven toca em todos os pontos da escala emocional, indo da melancolia mais soturna à celebração mais exultante".
Cont.

Música - Beethoven - 1



Beethoven (1770-1827)
O filme "O Segredo de Beethoven" conta a história de uma jovem compositora, copista particular do compositor. Era uma relação difícil, pois Beethoven a considerava uma criatura inferior; demonstrava constantemente autoridade sobre ela; tratava-a mal, chegando a humilhá-la. Ademais, era-lhe muito difícil aguentar o frequente mal humor do músico e seus ataques histéricos.
A Sinfonia nº 9, é apresentada como fechamento do filme, com a copista, escondida do público, auxiliando-o a reger a orquestra, devido à grave surdez do músico. Ele ao menos ouvia os aplausos do público.
O filme, de 2006, é uma ficção da cineasta Agnieszka Holland.
Beethoven compôs esta Sinfonia com vozes entoando a "Ode a Alegria" de Schiller, celebrando a fraternidade universal da espécie humana. O acréscimo de um coral em uma sinfonia era até então inédito.
Convencionalmente, a obra de Beethoven está dividida em tres períodos. A primeira fase começa depois de sua chegada à Viena, em 1792, aos 22 anos. Neste período (1799) compôs " Pathétique", considerada por ele sua obra prima. Realmente, é uma das músicas mais bonitas que já ouvi em toda a minha vida. A fase intermédiária começa em 1803, pouco tempo depois de ter compreendido a seriedade de sua surdez. A última fase é marcada pelo isolamento do mundo devido à surdez que o atormentava e o impossibilitava de ouvir a própria música. Dizem que nesta fase, rica, ele compunha apenas com a memória dos sons das notas musicais. Um gênio, claro.
Cont.