quarta-feira, 15 de junho de 2011

"Nada melhor do que não fazer nada."

Há uma música que a Rita Lee canta que diz "nada melhor do que não fazer nada". E é verdade. Sempre achei isto. Bem, não sou totalmente a favor do não fazer nada, mas do ócio criativo.

Lembro-me que aos 9 ou 10 anos de idade a professora nos apresentou a fábula "A Cigarra e a Formiga"de Esopo e que La Fontaine popularizou. Todo mundo conhece. Fala da necessidade de trabalhar e trabalhar... Em linhas gerais, a historinha é mais ou menos assim: enquanto a formiga trabalhava e garantia seu sustento, prevendo um inverno rigoroso que viria, a cigarra cantava e cantava, sem se preocupar com o amanhã. O inverno chegou e a cigarra não tinha o que comer. Foi bater à porta da casa da formiga - do formigueiro- melhor dizendo, para lhe pedir comida. A formiga, (com o pescoço enroladinho no seu cachicol, com certeza) perguntou: "o que você fazia no verão"? "eu cantava", respondeu a cigarra. "Pois agora, dance", foi a resposta que obteve.

Depois de lido o texto em sala de aula, a professora simulou um juri. A formiga ou a cigarra deveria ser absolvida - e a outra, condenada, claro.

Fui escolhida para defender a cigarra e uma coleguinha defenderia a formiga.

Foi uma discussão e tanto! A maioria dos alunos defendia a formiga. Minha situação não estava nada boa. Senti que para a defesa teria que apelar para o emocional. E comecei falando da negação de ajuda a alguem. Não era isto que aprendíamos na escola. As professoras sempre nos ensinavam a emprestar uma borracha, um lápis ao colega. Aprendíamos também a ser menos egoístas - não nos custava nada dividir a merenda com um coleguinha que não tinha. E mais: cada pessoa tinha um dom; uns de cantar; outros de só trabalhar, sem sentir o que a vida tem de bonito. Nós também somos assim! E cada um faz a sua escolha. Apelei até para Deus. Depois de uma longa e calorosa argumentação de ambas as partes, finalizei: Não podemos ir contra os designos de Deus. Nem sabia direito o que significava esta palavra - designos, mas deu certo. A cigarra foi absolvida! Eu estava exausta! E descobri desde então que "emprego só como última alternativa", como alguém já disse... hoje fico pensando...será que esta fábula privilegia o trabalho, em detrimento da arte? Vai saber a intenção... a ideologia...

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