quinta-feira, 30 de junho de 2011

Tchaikovsky - 7

O período de ligação de Tchaikovsky e sua "amada" foi o mais rico em produção e qualidade musical. O catálogo de suas obras se avolumava. Suas músicas eram fortemente comunicativas. Iniciou uma bem sucedida carreira de regente, embora fosse difícil para ele superar todo o seu horror ao público; a ansiedade e a angústia que eram os ensaios com a orquestra.
Escreveu "A Bela Adormecida" em apenas 44 dias, entre crises de exaltação e de pranto, mas escreveu ao irmão: "A Dama de Espadas é minha obra-prima. Algumas passagens me enchem tanto de medo, terror e emoção que é impossível que os espectadores não tenham ao menos qualquer uma dessas sensações."
Atravessava dias de felicidade, enquanto prepara o lançamento da obra-prima. Mais uma vez o destino o golpeou. Em 04 de outubro de 1890 recebe um bilhete de sua "amada" comunicando-o que perdera toda a sua fortuna, portanto a interrupção da pensão e mais: o fim de qualquer contato futuro entre eles. Terminou dizendo: "Não me esqueças e penses em mim algumas vezes".
Tchaikovsky respondeu imediatamente:
"Essas últimas palavras doeram-me demais, se bem que me dizes que não as escrevestes seriamente. Será possível que não me aches capaz de recordar-te, a não ser quando aproveitando de tua generosidade? Posso dizer-te, sem exagero, que me tens salvado, que teria perdido a razão se não tivesses vindo em meu socorro com tua amizade e tua simpatia. O dinheiro que me tens dado é, ainda, dinheiro de salvação. Ele reanimou minhas débeis forças e me restituiu a vantade de continuar a carreira de músico. Não, minha cara, esteja certa que te recordarei sempre e te bendirei até o fim dos meus dias. Hoje, quando não podes mais dividir a tua fortuna comigo, posso te manifestar, ainda mais, toda a extensão de minha gratidão. Talvez não te dês conta do quanto fizeste por mim. Entretanto, não poderias escrever que, agora, sendo pobre, pensaria em ti 'algumas vezes'. Não te esqueci nem ao menos um segundo, e não te esquecerei nunca, porque cada um dos meus pensamentos é teu também. Beijo-te as mão, com toda minha ternura, suplicando-te que creias, agora e sempre, que ninguém no mundo te ama mais que eu."
Esta carta jamais recebeu qualquer resposta, embora Tchaikovsky tenha tentado, por diversas vezes, reatar os contatos.
Um tempo depois Tchaicovsky descobriu que a fortuna de Nadejda permanecia praticamente intacta; soube também que ela estava doente. Ninguém nunca soube o que motivou a "amada" a romper subtamente o relacionamento. Havia descoberto sua homossexualidade? Pouco provável, pois não era segredo para ninguém. Seria então, as insinuações maldosas sobre uma amizade ligada demais ao dinheiro? Ou simplesmente ela teria cansado de ser generosa?


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